top of page

Lenda do Castelo de Arnóia

Hoje, entrevistei a minha avó, Emília Ribeiro, sobre Celorico de Basto, porque ela tem vários conhecimentos.

Guilherme (o neto) - Bom dia, avó, sabe alguma história sobre Celorico de Basto?

Avó- Claro que sei!

Guilherme- Podes contar-me essa história?

Avó- Sim, com muito prazer.

- Cá vamos, então:

 

“Na sede da povoação da pequena Vila de Basto, moravam duas irmãs, órfãs, padeiras de profissão e muito bonitas. A mais velha chamava-se Guiomar, de trinta anos, já viúva de um carpinteiro. A mais nova chamava-se Aldonça, não tinha mais de dezoito anos, ainda solteira e estava prometida a Sancho Meleiro, um negociante de cereais e moço de bons costumes.

Acontece que o alcaide apaixonou-se pela irmã mais nova, a Aldonça, fazendo-lhe permanentemente propostas indecorosas, mas sem nunca ter sido correspondido aos seus desejos, pois esta jovem já tinha decidido casar com o Meleiro.

Decidido que estava o casamento, era necessário pagar o tributo que, segundo a tradição local, há muito tinha substituído o antigo e já caduco direito consuetudinário (usos e costumes) dos senhores da terra poderem “usufruir” as noivas antes dos maridos…Efectivamente, o “direito da pernada”, que consistia no privilégio da “prima noctis”, já tinha caído em desuso há muito tempo.

Quando os dois se dirigiram ao castelo para pagarem o tributo, o alcaide, perante a beleza da rapariga, sentiu-se atraído, recusou o tributo pago daquela forma, e exigiu pôr em prática direitos caídos em desuso. Indignada, a noiva lançou-lhe aos pés o tributo e terá dito que só ao seu futuro marido pertenceria.

Ao deparar-se com tal ofensa, o noivo envolve-se numa luta renhida com o alcaide, onde nenhum quer o lugar de vencido. Meleiro não desarma e, não se conformando com esta atitude, vai desferindo alguns golpes no seu rival. O alcaide, sentindo as forças fraquejar, clama por socorro e é acudido por alguns homens do castelo que entretanto, conseguem manietar o Meleiro. Então o alcaide prende-o e manda cortar-lhe as orelhas, como se ele fosse um ladrão (castigo que na Idade Média se dava aos ladrões).

Ao ver tudo isto, Aldonça fugiu do castelo e apesar de ter partido uma perna no percurso, conseguiu chegar à vila e narrar o que se passava, pedindo que libertassem o seu noivo.

Armaram-se homens e mulheres que, apressadamente, vencem a encosta do monte, em direcção ao castelo, o povo todo amotinou-se, tocou a rebate e de toda esta redondeza das Terras de Basto, chegaram multidões, invadiram o castelo, com chuços e foices e ameaçam pegar fogo à torre. Então o alcaide, receando um mal maior, e, possivelmente, irremediável, decide-se a indemnizar o Meleiro pela desfiguração que lhe causara e a restitui-lo à liberdade.

O alcaide desistiu desta, mas ficou com os olhos na irmã mais velha, que se chamava Guiomar, já era viúva, mas também muito bonita.

Começou então a assediar a Guiomar com pedidos, com alguma insistência, até que uma manhã, o alcaide quando ia para a caça, cruzou-se na vila com esta mulher e ter-lhe-á dito que, à noite, a procuraria em casa. Apesar de lhe ter dito que era mulher honesta, tentou evitar qualquer espécie de represália. Ele, porém não se deu por convencido e quase lhe impôs que no regresso, o esperasse para combinarem melhor o encontro. Perante isto, Guiomar contou tudo ao seu futuro cunhado, o Meleiro, que viu aqui o melhor momento para se vingar do alcaide, tendo aconselhado a Guiomar a receber o alcaide em casa, onde tinha os fornos, desde que vá desacompanhado e guarde o maior segredo.

Já de regresso dos montados, à tardinha, o alcaide parou junto à residência de Guiomar e insistiu nos seus propósitos. Ela concordou, mostrando o seu melhor agrado, pois tinha o plano todo combinado com o cunhado.

Logo que anoiteceu, os dois cunhados conseguem avistar, da janela de onde espreitavam, dois vultos, e de imediato reconheceram o alcaide, que se fazia acompanhar de um homem do castelo, aquele que por ordem do amo, cortara as orelhas ao Meleiro.

O alcaide depois de bater à porta, entrou, enquanto o escudeiro aguardou pelo seu amo no exterior da residência. Quando o alcaide, depois de recebido por Guiomar com alguns sorrisos, dirigem-se para o interior da casa, mas claro, a família estava escondida e quando o alcaide julgava que ia ter a Guiomar entre os braços, o que sentiu foi a acha de armas a fender-lhe o crânio e… era uma vez um alcaide!

Para não existir vestígio do crime, meteram-no no forno do pão e o alcaide reduziu-se a cinzas.

A lenda acrescenta que o criado do alcaide, ao verificar que a demora já era grande, decidiu bater à porta, para lembrar ao amo a conveniência do regresso ao castelo.

Este, mal tinha atravessado a soleira da porta, apanhou com a mesma adaga que vitimara o alcaide e também foi atirado ao forno.

Depois de consumado o drama, Meleiro foi feliz na companhia da sua mulher Aldonça e Guiomar conseguia viver em paz.”

Guilherme- Fascinante a história,avó, é muito interessante. Bom acabamos, obrigado por ma contar.

(fonte da lenda - http://www.celoricodigital.pt/2008/02/lenda-justia-popular.html, por Orlando Silva)

Apresentado por Guilherme Alexandre Gonçalves Ribeiro (7.º ano)

sob orientação da professora Rita Dias

bottom of page